ZENIT - O mundo visto de Roma

26/06/2011

Qual o nome de Deus?

Muitas vezes somos abordados pelos chamados "Testemunhas de Jeová". Eles procuram nos convencer de que o Nome de Deus é Jeová, e que é muito importante tratá-LO por este nome. Além disso, eles têm outras doutrinas exóticas, que não cabe neste artigo tratar; entre outras coisas, eles dizem que Jesus não é Deus...


De onde veio este nome, "Jeová"?


Quando Deus Se revelou a Moisés, este perguntou a Ele qual o Seu nome. Deus respondeu: Eu sou O que sou (tradução da Vulgata pelo Pe. Mattos Soares). Este nome, traduzido como "Eu sou O que sou", é uma tradução do hebraico, do chamado Tetragrama, o Nome Inefável de Deus. É uma palavra hebraica com quatro letras : (Yud-Hei-Vav-Hei).

Esta palavra é uma forma arcaica do verbo "Ser" em hebraico. Devemos notar que o hebraico normalmente não apresenta o verbo "ser" no presente, já que apenas Deus É. Assim, em hebraico, dizemos "eu brasileiro", não "eu sou brasileiro", "Maria linda moça", não "Maria é uma linda moça".

Os judeus sempre tiveram um saudável respeito ao nome de Deus. O Tetragrama nunca é pronunciado pelos judeus; apenas o Sumo-Sacerdote, uma vez por ano (no dia de Yom Kippur), entrava no Santo dos Santos do Templo e sussurrava o nome. Isto era visto como algo extremamente perigoso, e na verdade o era.

O Sumo-Sacerdote entrava no Santo dos Santos com uma corda amarrada no pé, para ser puxado para fora em caso de morrer lá dentro, o que certamente ocorreria se ele estivesse impuro. Foi esse aliás o fim de muitos Sumo-Sacerdotes judeus.

Para evitar pronunciar o nome de Deus, os judeus, ao lerem as Escrituras, pronunciam no lugar do Tetragrama a palavra "Adonai", que significa "Senhor". Aliás esta também é a Tradição católica; qualquer tradução católica mais antiga da Bíblia usará "O Senhor" quando no texto hebraico encontramos o Tetragrama, e "Deus" quando encontramos o Nome "Elohim" (outro nome de Deus, designando a Sua Misericórdia, como o Tetragrama designa a Sua Justiça).

Mas o respeito dos judeus vai mais longe; eles não usam a palavra "Adonai", ou sequer a palavra "Elohim" ao falar de Deus fora da oração. Se for necessário traçar a diferença entre uma e outra (como ao comentar a oração ou um texto bíblico), eles dizem "Adokai" ou "Elokim".

Ao tratar de Deus em outras ocasiões, normalmente são usadas as expressões "Cadoch Barurrú" (que pode ser traduzida como "O Santo, louvado seja Ele") ou simplesmente "Rachem", que significa "O Nome". Estas pronúncias são transliterações para o sotaque carioca, com "R" soando aspirado, como o "H" em inglês.

O resultado disso é simples: a verdadeira pronúncia do Nome de Deus foi perdida. Como a língua hebraica não tem vogais (elas são escritas apenas em textos bíblicos, não em jornais ou livros, e são sinais parecidos com nossos acentos, colocados embaixo, em cima e ao lado das letras), qualquer tentativa de pronunciar o Nome de Deus é apenas uma suposição. Pode ser uma suposição educada, lendo-se o Tetragrama como normalmente seriam lidas as sílabas que o compõem em outras palavras, mas será sempre uma suposição.

Para evitar que alguém lesse por engano o Nome de Deus na oração (ao invés de substituí-lo por "Adonai"), os judeus normalmente escrevem as vogais da palavra "Adonai" com as consoantes do Tetragrama. Assim, o Tetragrama aparece cercado por sinais que são as vogais de "Adonai".

O heresiarca Martinho Lutero, ao fazer a sua tradução da Bíblia no século XVI, pegou um texto hebraico que continha justamente estas vogais em torno das consoantes do Tetragrama, e criou uma palavra que é na verdade composta pelas vogais de "Adonai" combinadas com as consoantes do Tetragrama: Jeová.

Assim, pela ignorância dos costumes judeus, foi introduzido como sendo o nome de Deus algo que na verdade é apenas uma mistura de duas palavras, sendo uma delas o Nome de Deus e a outra uma expressão que significa "O Senhor".

Lutero foi o fundador do protestantismo, e seus discípulos diretos e indiretos levaram adiante este nome falso, que acabou por ser aceito por muitos como sendo a pronúncia correta do Nome de Deus. Os "Testemunhas de Jeová" são simplesmente um ramo do protestantismo que levou às últimas consequências este engano, e dedica-se a propagar pelo mundo este erro de tradução.

Surge então a questão: como deveria ser pronunciado o Nome de Deus?

Se procurarmos a suposição mais bem fundada, pronunciaríamos "Iavé", ou "Javé" (a maior parte das palavras que começam com um som de "I" em hebraico têm som de "J" em outras línguas, como "Irruchaláim", em português Jerusalém). Mas o melhor mesmo é nos atermos à tradição da Igreja e dizer sempre "O Senhor", ou, melhor ainda, Jesus, o Nome acima de qualquer outro nome.

O importante não é pronunciarmos corretamente O Nome, mas sim O glorificarmos por nossos atos e palavras:

Pai Nosso, que estás no Céu, Santificado seja o Vosso Nome...

Carlos Ramalhete

Fonte: Site da Revista Pergunte e Responderemos



24/06/2011

João Batista: "Voz do que clama no deserto"

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 293,1-3: PL 38,1327-1328) (Séc.V)

A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente.

Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: tal fato tem, sem dúvida, uma explicação. E se não a soubermos dar tão bem, como exige a importância desta solenidade, pelo menos meditemos nela mais frutuosa e profundamente. João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem.

O pai de João não acredita que ele possa nascer e fica mudo; Maria acredita, e Cristo é concebido pela fé. Eis o assunto que quisemos meditar e prometemos tratar. E se não formos capazes de perscrutar toda a profundeza de tão grande mistério, por falta de aptidão ou de tempo, aquele que fala dentro de vós, mesmo em nossa ausência, vos ensinará melhor. Nele pensais com amor filial,a ele recebestes no coração, dele vos tornastes templos.

João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o antigo e o novo. O próprio Senhor o chama de limite quando diz: A lei e os profetas até João Batista (Lc 16,16). Ele representa o antigo e anuncia o novo. Porque representa o Antigo Testamento, nasce de pais idosos; porque anuncia o Novo Testamento, é declarado profeta ainda estando nas entranhas da mãe. Na verdade, antes mesmo de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Maria. Antes de nascer, já é designado; revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele. Tudo isto são coisas divinas, que ultrapassam a limitação humana. Por fim, nasce. Recebe o nome e solta-se a língua do pai. Relacionemos o acontecido com o simbolismo de todos estes fatos.

Zacarias emudece e perde a voz até o nascimento de João, o precursor do Senhor; só então recupera a voz. Que significa o silêncio de Zacarias? Não seria o sentido da profecia que, antes da pregação de Cristo, estava, de certo modo, velado, oculto, fechado? Mas com a vinda daquele a quem elas se referiam, tudo se abre e torna-se claro. O fato de Zacarias recuperar a voz no nascimento de João tem o mesmo significado que o rasgar-se o véu do templo, quando Cristo morreu na cruz. Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Solta-se a língua, porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe: Quem és tu? (Jo 1,19). E ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto (Jo 1,23).

João é a voz; o Senhor, porém,no princípio era a Palavra (Jo 1,1). João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.


11/06/2011

O Envio do Espírito Santo


Do Tratado contra os hereges, de Santo Irineu, Bispo (Séc. II)

Ao dar a seus discípulos poder para que fizessem os homens renascer em Deus, o Senhor lhes disse: Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19).

Deus prometera, por meio dos profetas, que nos últimos tempos derramaria o seu Espírito sobre os seus servos e servas para que recebessem o dom da profecia. Por isso, o Espírito Santo desceu sobre o Filho de Deus, que se fez Filho do homem, habituando-se com ele a conviver com o gênero humano, a repousar sobre os homens e a morar na criatura de Deus. Assim renovava os homens segundo a vontade do Pai, fazendo-os passar da sua antiga condição para a vida nova em Cristo.

São Lucas nos diz que esse Espírito, depois da ascensão do Senhor, desceu sobre os discípulos no dia de Pentencostes, com o poder de dar a vida nova a todos os povos e de fazê-los participar da Nova Aliança. Eis por que, naquele dia, todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus, enquanto o Espírito congregava na unidade as raças mais diferentes e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações.


Foi por isso que o Senhor prometeu enviar o Paráclito, que os tornaria capazes de receber a Deus. Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto.

Com efeito, nossos corpos receberam, pela água do batismo, aquela unidade que os torna incorruptíveis; nossas almas, porém, a receberam pelo Espírito.

O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e de temor de Deus (Is 11,2). É esse mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando do céu o Paráclito sobre toda a terra, daquele céu de onde também Satanás caiu como um relâmpago (cf. Lc 10,18).

Por esse motivo, temos necessidade deste orvalho da graça de Deus para darmos fruto e não sermos lançados ao fogo, e para que também tenhamos um Defensor onde temos um acusador. Pois o Senhor confiou ao Espírito Santo o cuidado da sua criatura, daquele homem que caíra nas mãos dos ladrões e a quem ele, cheio de compaixão, enfaixou as feridas e deu dois denários reais. Tendo assim recebido pelo Espírito a imagem e a inscrição do Pai e do Filho, façamos frutificar os dons que nos foram confiados e os restituamos multiplicados ao Senhor. Oração: Deus eterno e todo-poderoso, quisestes que o mistério pascal se completasse durante cinqüenta dias, até à vinda do Espírito Santo. Fazei que todas as nações dispersas pela terra, na diversidade de suas línguas, se unam no louvor do vosso nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

04/06/2011

"João Paulo II", por Maurício de Souza


Do blog "Reflexões de Espiritualidade Franciscana", uma bela história em quadrinhos sobre a morte e João Paulo II; vale a pena conferir; clique na imagem acima.


01/06/2011

São Justino - Filósofo e Mártir

Justino, filósofo e mártir, nasceu no princípio do século II, em Flávia Neápolis (Nablus), na Samaria, de família pagã. Tendo-se convertido à fé cristã,escreveu diversas obras em defesa do cristianismo; mas se conservam apenas as duas Apologias e o Diálogo com Trifão. Abriu uma escola de filosofia em Roma, onde mantinha debates públicos. Sofreu o martírio,juntamente com seus companheiros, no tempo de Marco Aurélio, cerca do ano 165.

Das Atas do martírio dos santos Justino e seus companheiros (Cap.1-5: cf.PG 6, 1566-1571) - (Séc. II)

Abracei a verdadeira doutrina dos cristãos

"Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico.Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar,manifesta tua fé nos deuses e obedece aos imperadores”. Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos, só pelo fato de obedecermos aos mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.

Rústico indagou: “Que doutrinas professas?” E Justino: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”.

O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável?” Respondeu Justino: “Sim, pois a sigo como verdade absoluta”.

O prefeito indagou: “Que verdade é esta?” Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como único criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis: adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero humano como mensageiro da salvação e mestre da boa doutrina. E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir a sua infinita divindade, mas reconheço o valor das profecias que previamente anunciaram aquele que afirmei ser o Filho de Deus. Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a sua vinda entre os homens”.

Rústico perguntou: “Então, tu és cristão?” Justino afirmou: “Sim, sou cristão”. O prefeito disse a Justino: “Ouve,tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?” Disse Justino: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes. Pois sei que para todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro”.

O prefeito Rústico continuou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição”? Justino respondeu-lhe: “Não suponho, tenho a maior certeza”.


O prefeito Rústico declarou: “Basta, deixemos isso e vamos à questão que importa, da qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses”. Justino respondeu: “Ninguém de bom senso abandona a piedade para cair na impiedade”. O prefeito Rústico insistiu: “Se não fizerdes o que vos foi ordenado, sereis torturados sem compaixão”. Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”. O mesmo também disseram os outros mártires: “Faze o que quiseres; nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos”.


O prefeito Rústico pronunciou então a sentença: “Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital, segundo a norma das leis”. Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio proclamando a fé no Salvador. "


Oração: Ó Deus, que destes ao mártir São Justino um profundo conhecimento de Cristo pela loucura da cruz, concedei-nos, por sua intercessão, repelir os erros que nos cercam e permanecer firmes na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!



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