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Procissão em Budapest, capital da Hungria |
O governo húngaro está transferindo as escolas públicas para instituições religiosas, noticiou a revista francesa L’Express.
Essa política deixa furiosos os líderes socialistas dentro e fora da
Hungria, inclusive nos países europeus onde a educação pública apresenta
resultados calamitosos. As iradas queixas vão contra o fato de que com
política do governo húngaro está sendo restaurada a moral tradicional.
Nas escolas, voltam os cantos religiosos e a oração em comum no início
das aulas. Os pais dos alunos escolhem o catecismo que será ensinado a
seus filhos.
As igrejas conservam suas subvenções, independente do número de alunos.
Na pequena cidade de Alsoörs, apresentada como um caso típico por
“L’Express”, só duas famílias de um total de 96 votaram contra a
transferência da escola à igreja, patenteando o apoio popular à medida.
O singular é que um pároco católico, após consultar o bispo, recusou a
escola, talvez por espírito ecumênico ou dialogante com o mundo
laicizado.
O pastor luterano Miklos Rasky aceitou na hora, muito satisfeito: “O
governo atual está apegado aos valores cristãos. Isso nos permite reatar
com nosso papel tradicional no campo da educação”.
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Vigília pascal na catedral de Budapest |
Perplexos ficaram os professores, católicos na sua maioria, que
continuam na escola, mas foram avisados pelo pastor de que serão
substituídos por protestantes.
Oitenta escolas já foram cedidas pelas prefeituras que, além do mais,
ficaram satisfeitas porque não terão de arcar com despesas que eram
insustentáveis na crise.
Sindicatos e partidos de esquerda estão também revoltados com os cursos de catecismo nas escolas, ainda em mãos do Estado.
Rozsa Hoffmann, ministro da Educação, deplora a falta de valores
morais: “Nós queremos reabilitá-los, seja a proteção da vida humana, o
respeito pelo trabalho e pelas leis, a honestidade e o amor à pátria. A
escola não é um local só para adquirir conhecimentos, ela também deve
transmitir valores” – justificou.
A lei de educação se insere no contexto da nova Constituição que exalta
os valores cristãos e reabilita a “Santa Coroa” dos reis católicos,
encarnação do poder soberano magiar.