ZENIT - O mundo visto de Roma

28/02/2013

Sede vacante...

A partir das 20 horas de Roma, 16 horas em Brasília, a Sé de Pedro está vacante. Acima, o brasão da Santa Sé durante a sedevacância esculpido na Basílica de São João de Latrão.



Ele se virou e entrou...



Obrigado!
Obrigado de coração.
Caros amigos, estou feliz por estar convosco, circundado pela beleza do criado e pela vossa simpatia que me faz muito bem, obrigado pela vossa amizade, pelo vosso afecto. Sabeis que este meu dia é diferente dos precedentes, já não sou Sumo Pontífice da Igreja Católica, até às 8 horas da noite sou ainda, depois não. Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra. Mas gostaria ainda, de trabalhar, com o meu coração, com o meu amor, com a minha oração, com a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, para o bem comum e o bem da Igreja, da humanidade. E sinto-me muito apoiado pela vossa simpatia. Vamos para a frente juntos com o Senhor para o bem da Igreja e do mundo. Obrigado. Abençoo-vos de todo o coração.
Seja bendito Deus omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo. Obrigado, boa noite Obrigado a todos vós.
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Ele se virou e entrou... e foi sua última aparição como Papa em exercício.
Deus lhe pague, Santo Padre, por nos ter guiado nestes 8 anos pela senda da Verdade !


23/02/2013

Homenagem da Igreja Ortodoxa Russa ao Papa Bento XVI

O Papa da Coerência

Metropolita Hilarion de Volokolamsk
Presidente do Departamento para as relações exteriores do Patriarca de Moscou






Em 11 de fevereiro passado, o inesperado anúncio da renúncia ao ministério do Papa Bento XVI surpreendeu profundamente não somente a Igreja Católica, mas toda a cristandade e a opinião pública mundial. Na sua condição de progressivo declínio de forças, da qual ele próprio falou, a decisão de deixar o pontificado deve ser considerada um ato de grande coragem e exemplar humildade.

Neste nosso mundo em que tantos que não detêm o poder procuram doentiamente alcançá-lo, e tantos que o detêm procuram, a qualquer custo, não o perder, a voz humilde do primaz da Igreja cristã mais numerosa do mundo, que diz renunciar livremente ao exercício da autoridade, por causa da fraqueza física e para o bem da Igreja, se põe em flagrante contraste com a mentalidade corrente. Uma vez mais o Papa Bento XVI mostrou-se coerente com a própria linha de integridade moral e de rejeição de compromisso.

Estamos certamente ainda muito próximos do anúncio da renúncia de Bento XVI para tentar um balanço de seu pontificado. Diria, porém, que uma das chaves interpretativas da figura deste Papa e de seu pontificado talvez seja exatamente esta sua coerência consigo mesmo e com a tradição da Igreja, o seu não ceder às fáceis modas passageiras, às fortes pressões da cultura dominante.

Papa Ratzinger é um teólogo de grande inteligência, sem dúvida um dos mais notáveis teólogos católicos contemporâneos. A sua obra de teólogo, antes e depois de sua ascensão à cátedra pontifícia – de seus livros sobre a figura de Jesus às suas encíclicas e exortações apostólicas, da declaração Dominus Iesus ao Catecismo da Igreja Católica – representa uma contribuição de notável importância à teologia católica moderna. Um dos argumentos mais tratados por ele, o da relação entre fé e razão, se põe em continuidade com quanto já dito pelo seu predecessor, Papa João Paulo II.

Outro tema caro ao Papa Bento XVI, desde o início do pontificado, é o da reafirmação dos valores morais cristãos, seu firme não à “ditadura do relativismo”. É uma posição com a qual nós ortodoxos estamos plenamente de acordo. Hoje no mundo inteiro, mas sobretudo na sociedade ocidental, assiste-se a uma perigosa perda de qualquer orientação moral. A mentalidade corrente desejaria cancelar toda distinção ente o bem e o mal. O liberalismo moral extremista e militante impôs o “politicamente correto” como uma nova ideologia de massa, tão absolutista quanto os maximalismos políticos que afligiram o século XX. Se lemos atentamente os evangelhos, vemos que a misericórdia do Senhor Jesus na relação com os pecadores jamais significou condescender com o pecado, nem confundir o mal com o bem. Pessoalmente estou convencido de que a Igreja, hoje talvez mais do que nunca, embora permanecendo aberta a relação com qualquer um e propondo o caminho da salvação a todo homem, deva oferecer aos fiéis as linhas de comportamento muito claras. Diria que o atual Pontífice mostrou claramente como a abertura ao diálogo não deva jamais significar traição aos mandamentos de Cristo.

Ele foi frequentemente considerado um conservador ou um tradicionalista, e tal fama lhe rendeu críticas e uma certa impopularidade. Creio que seja importante refletir detidamente sobre que coisa significa a tradição para nós cristãos. O cristianismo é a religião do “já” e do “ainda não”, a religião em que transcendência e imanência, vida terrena e vida eterna se encontram. Cristo, de fato, já ressuscitou, uma vez por todas e como primícias de nossa geral ressurreição; mas a "divinização" de cada um de nós é um processo em curso. Por isto a Igreja tem uma relação particular com o tempo. A Igreja, e com isto quero dizer as igrejas apostólicas, se põem sempre naquele contínuo que é a tradição. Esta palavra, seja em latim (traditio), seja em eslavo (predanie), indica a transmissão da fé. O testemunho que havíamos recebido dos apóstolos e de quantos nos precederam no caminho para Deus devemos entregá-lo, todo inteiro, às gerações vindouras. Temos pois uma responsabilidade de fidelidade.

Sem dúvida Bento XVI enquanto Papa, exatamente como Joseph Ratzinger enquanto teólogo, é o homem da continuidade, da fidelidade àquela entrega que é a tradição. Teólogo da continuidade o foi também na sua leitura do Concílio Vaticano II. Também do ponto de vista da teologia ortodoxa, o último concílio da Igreja Católica é apreciado não como momento de ruptura com o passado, mas exatamente o contrário: enquanto e na medida em que se refere à tradição, e mais, eu diria, retorna a esta.

O pontificado de Bento XVI significou um notável melhoramento de relações entre ortodoxos e católicos e, em particular, entre Roma e a Igreja ortodoxa russa. O Papa conhece bem a ortodoxia; o seu amor pela tradição o torna próximo dela. É necessário dizer que também o conhecimento pessoal influi positivamente nas relações intereclesiais. O Patriarca Kirill, antes de ser eleito primaz da Igreja ortodoxa russa, por bem quatro vezes se encontrou primeiro com o Cardeal Ratzinger e depois com o Papa Bento XVI. Também eu, depois de haver sucedido o atual patriarca como presidente do Departamento para as relações externas de nossa Igreja, por três vezes fui recebido em audiência privada pelo Papa. Conservarei sempre uma excelente recordação de nossas conversações e de sua pessoa. Não creio que se possa dizer que o seu ser teólogo, homem de pensamento de posições conhecidas, frequentemente opostas à cultura dominante, tenha prejudicado o seu ser pastor. Bento XVI é um homem simples, compreensivo, de grande humildade e sabedoria.

Entre ortodoxos e católicos, ainda hoje, restam certos nós teológicos a serem desfeitos e certas feridas a serem sanadas. Tive ocasião de ilustrar a minha visão pessoal do estado de nossas relações e das perspectivas do diálogo teológico ortodoxo-católico diretamente ao Papa, nas conversações pessoais havidas com ele. Devo dizer que nutro certa perplexidade no que tange ao diálogo levado avante pela Comissão teológica mista: creio que no imediato devir não podemos esperar progressos significativos. No entanto, nossas posições em outros campos coincidem perfeitamente, ou quase. Por exemplo, as posições éticas. Devemos pois investir nestes campos, agir desde já conjuntamente para reafirmar os valores éticos do cristianismo. Disse-o ao Papa e e encontrei de sua parte plena compreensão.

Outro campo em que podemos e devemos agir juntos é o da defesa dos cristãos perseguidos. A aqui não me refiro somente à África, ao Oriente Médio ou a alguns países asiáticos, mas também na própria Europa, onde frequentemente os cristãos são vítimas de marginalização cultural, reduzidos ao silêncio do secularismo dominante, para o qual a religião é algo que diz respeito somente à esfera da vida pessoal do indivíduo e que não deve ter qualquer reflexo na vida social. O Papa Bento XVI disse e fez muito, seja em defesa dos cristãos perseguidos, seja em defesa dos valores cristãos esquecidos ou pisoteados. Nele tivemos um bom aliado.

Agora, com sua renúncia ao exercício do ministério, o Papa ofereceu ao mundo uma lição de humildade e sabedoria. Faz alguns dias, na Igreja russa, festejamos a Apresentação de Cristo no templo. Como não recordar aqui o cântico do sábio Simeão, que a nossa tradição define “aquele que recebeu Deus” (Simeon Bogopriimec): «Deixai agora, Senhor, vosso servo ir em paz, segundo vossa palavra». Ao pastor e ao cristão Bento XVI desejamos uma longa, fecunda e pacífica última idade da vida. Quanto a nós, desejamos que a dinâmica positiva nas relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica Romana continue sob seu sucessor.
Fonte: OBLATVS


18/02/2013

“Um trovão em céu sereno”, afirmou o decano do Colégio Cardinalício, Card. Angelo Sodano.

... E mais tarde um jornalista conseguiu captar esta significativa imagem. Em princípio pensei que fosse apenas uma montagem oportunista, aproveitando-se da frase do cardeal. Nos dias seguintes, porém, tive oportunidade de verificar: 1) que a foto é autêntica; 2) Que caem raios com frequencia na cúpula da Basílica de São Pedro por ser muito alta; 3) Que o valor simbólico da foto permanece, pois aquele raio, naquele dia, foi intencionalmente captado e interpretado como tal.
A presença de Deus é ilustrada em várias passagens da Escritura por nuvens e raios: 

"Na manhã do terceiro dia, houve um estrondo de trovões e de relâmpagos; 
uma espessa nuvem cobria a montanha e o som da trombeta soou com força. 
Toda a multidão que estava no acampamento tremia."(Ex 19,16)
 "A voz do Senhor despede relâmpagos," (Sl 28,7)
"Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono ardiam sete tochas de fogo, 
que são os sete Espíritos de Deus." (Ap 4,5)
"Abriu-se o templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo, a arca do seu testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva."(Ap 11,19)



11/02/2013

Papa Bento XVI anuncia sua própria demissão

http://pt.radiovaticana.va
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI anunciou esta segunda-feira que se demitirá no dia 28 de fevereiro. Eis o texto integral do anúncio:

Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.
Ouça a declaração em LATIM

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.


BENEDICTUS PP XVI
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Admirável coragem de um Papa! A humildade abala até as estruturas do inferno. Mil coisas dirão, mas não nos assustemos. O Santo Padre sabe o que está fazendo. Confiemos em Cristo que garantiu que nada abalaria a Sua Igreja. Ele mesmo vai guiar, mais uma vez, a escolha do novo sucessor de Pedro.


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