"1.Tempo livre. Ainda que
o blogueiro seja de tipo mais relaxado, descompromissado, se este
pretende ter um público cativo deve ter em mente que algum tempo se
gastará nessa empreitada. Os posts surgem de várias formas: da
observação, da experiência, do conhecimento, dos livros, das notícias,
etc. No meu caso a maioria surge das situações mais bobas do dia-a-dia.
Porém, o processo não é como ctrl C- Ctrl V. A análise e reflexão do
tema a ser tratado é fundamental para que a escrita seja interessante. E
tanto esta como aquelas levam tempo.
2.Saber o que fala. Obviamente
você não sabe de tudo e os seus leitores também sabem disso. Porém, um
mínimo de conhecimento sobre o assunto abordado é exigido para que você
não figure entre os inúmeros doutores em senso comum espalhados pela
blogosfera. Explico: apesar de não exigir uma linguagem científica ou
técnica, um blog não pode ser a reprodução do que você ouviu dizer por
aí. Sua moral irá de dez a zero quando você não souber responder à
pergunta: “de onde você tirou isso?”.
3.Ser paciente. Nada
mais frustrante que começar um blog num mês e desistir da ideia um mês
depois porque você não teve a quantidade de acessos esperada. Ora, ao
menos que você seja o Salvador, não se constrói um templo em três dias. A
analogia pode ser feita com uma empresa. Você leva ao menos um ano para
começar a dar lucros e pelo menos uns cinco para ter um nome
reconhecido no mercado. Isso se faz com muito trabalho e perseverança.
Virtudes aplicáveis também ao “ofício” de blogueiro.
4.Saber vender o peixe.
Muitas pessoas têm medo de parecer inconveniente ao divulgar o blog via
redes sociais e e-mail. Isso é algo que deve ser superado antes mesmo
de iniciar o projeto. Como a evangelização, a promoção do seu blog deve
ser feita sem receios de parecer inconveniente. Você divulga para que,
bem ou mal, as pessoas saibam que você existe no mundo virtual. Os
tímidos certamente sofrem com essa tarefa.
5.Saber português. Você
não precisa ser formado em letras, óbvio. Porém, saber onde pôr as
vírgulas, estar por dentro da nova ortografia, hifens, acentos e
conjugações são premissas mínimas para que seu discurso tenha um mínimo
de credibilidade. Vocês devem perceber que até mesmo este texto que eu
escrevo deve ter erros, mas ao menos que- I don’t speak english at all – eu comece a falar inglês aqui, vocês devem ter captado a minha mensagem em bons termos.
6.Ter senso de humor. Dizem
que o nosso mundo está cheio de desgraças e desolações. Não é comum
ouvirmos ainda que “notícia boa não vende” ou coisas parecidas. Pois
bem, verdade ou não, o senso de humor permite que você trate de temas
difíceis de uma forma leve. Isso te dará notoriedade ao sair do lugar
comum dos meios de comunicação de massa que vendem a miséria humana como
essa lhe fosse inerente. O humor pode mostrar que as coisas nem sempre
são preto no branco e este é sobretudo um modo de vencer a cultura do
derrotismo iniciada há mais de 50 anos pela hiena Hardy (“ó céus, ó
vida, ó azar!”).
7.Não fugir de temas espinhosos.
A depender do enfoque do blog, você pode tratar de aborto,
homossexualidade, pedofilia e muitos temas que ainda são tabus em nossa
sociedade. Se a ideia de um blog é ser um diário pessoal, as pessoas não
esperam entrar no seu blog para encontrar um clipping de
notícias de jornais expressando opiniões alheias sobre esses temas. A
escolha de temas complexos e muitas vezes polêmicos não pode ser feita
pensando em ter mais acessos, mas em vencer o clima de silêncio que
paira diante do onipresente politicamente correto. Pensamos diferente da
massa, temos argumentos, temos um blog, por que não dar a cara a tapa?
8.Ter senso estético. ESCREVER
ASSIM PARA CHAMAR ATENÇÃO sempre foi algo considerado esteticamente
reprovável na comunicação digital. Temos à disposição muitos recursos
hoje em dia como GIFs, vídeos, animações em flash, etc. Mas nem sempre
as pessoas têm muita noção de quando e quantas vezes usar determinado
recurso. Eu sempre defendo que a história da arte é fundamental para
qualquer produção intelectual. A ausência ou o excesso de recursos podem
representar muitas coisas, mas duas ficam patentes: ou que você precisa
de um curso básico de internet ou de um curso rápido de história da
arte.
9.Ouvir o leitor. Já
cansei de entrar em blogs cujos autores agem de modo totalmente
indiferente aos comentários lá postados. Muitos usam a moderação para
deletá-los e assim eliminar qualquer opinião divergente. Essa forma de
agir unilateral há muito foi superada na internet. Hoje as pessoas
exigem interação e respostas a suas opiniões. Quem quer viver como um
déspota a emitir sermões/monólogos a supostos súditos precisa desistir
da ideia de montar um blog.
10.Não queira inventar a roda. Muitas
vezes você se empolga achando que vai fazer um blog com uma proposta
inovadora, radicalmente diferente de tudo o que você já viu na internet.
Mas na prática essa torrente de ideias dura quando muito alguns meses.
Quando as ideias são aplicadas e a fonte começa a secar a primeira coisa
que se pensa é abandonar o blog. O conhecido adágio “nada se cria, tudo
se copia” muito pode nos ajudar a entender que as grandes invenções da
humanidade tiveram muitas bases sólidas em quem se apoiar. Existem
milhares de blogs espalhados por aí. Mire-se nos seus blogs favoritos,
adapte as melhores ideias e paulatinamente insira suas próprias
criações. Assim começaram os blogs que hoje são mais respeitados."
Fonte: Sentinela no Escuro