ZENIT - O mundo visto de Roma

04/04/2011

Homem instruído no reino dos céus

Dos livros das sentenças (Lib. 3,8-10: PL 83,679-682) de Santo Isidoro, bispo (Séc. VII)


“A Oração nos purifica, a leitura nos instrui. Pratiquemos uma e outra coisa, porque ambas são boas. Mas se isso não for possível, é melhor orar do que ler.

Quem deseja estar sempre com Deus, deve orar e ler frequentemente. Quando oramos, falamos com Deus; mas quando lemos, é Deus que fala conosco.

Todo o nosso progresso provém da leitura e da meditação. Pela leitura aprendemos o que ignorávamos; e o que aprendemos, conservamos pela meditação.

É duplo o proveito que tiramos da leitura da Sagrada Escritura: ilumina nossa inteligência e, afastando-nos das vaidades do mundo, leva-nos ao amor de Deus.

Dupla deve ser também a preocupação com o que devemos ler: primeiramente, procurar compreender a Escritura; depois, explicá-la com a devida reverência para o proveito do próximo. Evidentemente, só quem procura compreender o que leu estará apto para explicar o que aprendeu.

O leitor diligente pensa mais em praticar o que lê do que em adquirir ciência. Pois é um mal menor não saberes o que desejas do que não cumprires o que sabes. Da mesma forma, assim como lemos para compreender o que é reto, devemos, em seguida, pôr em prática o que compreendemos.

Ninguém pode descobrir o sentido da Sagrada Escritura se não se familiarizar com a sua leitura, como está escrito: Estima-a, e ela te honrará; se a abraçares, ela será tua glória (Pr 4,8).

Quanto mais assíduos formos na leitura da Palavra de Deus, tanto melhor a compreenderemos, à semelhança da terra: quando melhor é cultivada, tanto mais frutifica.

Há alguns que têm boa inteligência, mas são negligentes em ler os textos sagrados; o seu desinteresse mostra o desprezo por aquilo que a leitura lhes poderia ensinar. Há outros, porém, que desejam saber, mas têm pouca inteligência. Estes, no entanto, através de uma leitura assídua, conseguem aprender aquilo que os mais inteligentes, pela sua preguiça, nunca aprenderão.

Como o menos inteligente consegue, por sua aplicação, recolher o fruto do estudo diligente, aquele que menospreza a inteligência que Deus lhe deu torna-se réu de condenação, porque despreza um dom recebido e o deixa sem fruto.

A doutrina que não é auxiliada pela graça de Deus entra pelos ouvidos, mas não chega ao coração; faz ruído exteriormente, mas interiormente não aproveita ao espírito. A palavra de Deus só desce dos ouvidos para o íntimo do coração quando a graça de Deus tocar a inteligência para fazê-la compreender”.


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